A RECOPA DAS RECOPAS | Atlético MG 4x3 Lanús |

| 25/07/2014 |
Jogadores comemoram o título da Recopa (Foto: Daniel Teobaldo - SoulGalo)
Dia 24 de Julho. Pergunte a qualquer Atleticano o significado dessa data e arrisco a dizer que nenhum te deixará sem resposta. Há exato um ano o Galo conquistou o maior título de sua história e, como em um roteiro Hollywoodiano, fez valer todo o tempo de espera da Massa alvinegra.

Como se não bastasse o tal alto grau de emoção e sofrimento do ano de 2013, no aniversário dessa data tão marcante o time consegue passar e fazer a torcida passar por sentimentos muito parecidos. Até o mais nostálgico dos atleticanos não desejava tamanho sofrimento. A decisão da Recopa tinha tudo para ser um jogo tranquilo sem muita dor e emoção, com uma pequena vantagem, mas eis que num piscar de olhos se transforma em um enredo mirabolante, daqueles que se vê em cinema.

A CRÔNICA DO JOGO

Diego Tardelli com a camisa comemorativa dos 100 gols pelo CAM
O Atlético saiu na frente com um gol de pênalti de Diego Tardelli. O centésimo da carreira do jogador pelo clube, gol esse que mais que merecidamente foi feito em uma decisão. Tardelli foi o melhor jogador em campo com suas características multifuncionais e sua velocidade inacreditável. Não imagino um clube brasileiro sequer em que o jogador não seria titular. Sem tempo nem para comemoração, o Lanús empatou dois minutos depois e acabou por virar o jogo, para o desespero dos torcedores alvinegros. Porém, aos 37 minutos, em uma bela jogada de Diego Tardelli, Maicosuel empatou com assistência de Marcos Rocha. Fim do primeiro tempo os times voltaram a campo sem alterações e durante a etapa complementar saíram Maicosuel, Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli, para a entrada de Dátolo, Guilherme e Luan.

Apesar da total pressão do time Argentino, o jogo se mantinha 2 a 2 e encaminhava para o fim. Muitos torcedores já entoavam o grito de campeão, mas o Lanús não se deixava abater e continuava insistentemente no ataque, causando um enorme sufoco à zaga atleticana. O juiz deu exagerados 4 minutos de acréscimo e, inacreditavelmente, aos 48 minutos, no último lance do jogo, Santiago Silva cabeceou e no rebote de Victor, Acosta mandou para o centro do gol, dando a vantagem ao time visitante que levava o jogo para a prorrogação. 3 a 2 para o Lanús.

Nesse momento, o torcedor atleticano, que já se dava por vacinado à grandes emoções descobriu que no fundo ainda há muito pelo que sofrer. Nunca é fácil, nunca é tranquilo e isso já se tornou traço marcante do Clube Atlético Mineiro. Mais uma vez fomos para uma prorrogação com a cabeça já martelando nos pênaltis e pensando no sufoco que o time tinha passado no final do segundo tempo. Guilherme não entrou bem e o time já não contava com Tardelli. Porém, a torcida continuou acreditando.

Na prorrogação brilhou a estrela do maluquinho. Luan em um lance um tanto quanto diferente, na tentativa de um cruzamento, marcou, 3 a 3 que daria a vitória para o Galo. E o zagueiro argentino na tentativa de recuo para o goleiro fez contra o próprio gol, galo 4 a 3. Até mesmo os corações mais pessimistas já gritavam pelo título.

Para muitos, o título da Recopa é indiferente e vários atleticanos podem ter pensado desse modo, até que o jogo realmente começasse. Até que fosse para a prorrogação. O Galo tem tido um “Toque de Midas” para campeonatos, fazendo qualquer mata-mata se tornar uma explosão de emoção. Vale mais que ouro o prazer de vivenciar jogos como o de ontem. Nenhum dos dois times se abatia e a batalha foi travada até os segundos finais.

Mais uma vez o Mineirão foi salão de festas do Atlético Mineiro, mostrando que aqui não se entrega títulos aos argentinos, famosos carrascos de vários clubes, inclusive no estádio Mineiro.

OS NOMES DO JOGO

Os grandes nomes do jogo foram, sem dúvida, Diego Tardelli, Marcos Rocha, Victor e Luan. Tardelli pelas características já apresentadas, Marcos Rocha pelo brilhante jogo, com raça e vontade em campo, o jogador saia para o ataque e ajudava na marcação da zaga, tirando diversas chances de gol. Victor, que dispensa comentários e Luan, a definição de raça;

O ADEUS DO GÊNIO?

Ronaldinho em possível clima de despedida (Foto: Reprodução Twitter)
Ronaldinho Gaúcho, por outro lado, criou um mistério no jogo de ontem. Quando substituído, em clima de despedida, abraçou todos os jogadores em campo como se fosse um último adeus. Após a conquista retornou aos gramados e, da mesma forma, abraçou toda a comissão técnica e reverenciou a torcida de uma forma diferente. No dia seguinte postou uma frase enigmática em seu perfil em uma rede social, em tom de despedida. Fato é que a presença de um jogador como R10 é sim uma aliada, em campo ou não, mas por outro lado o futebol apresentado vem ficando aquém do esperado. O agradecimento será eterno, Ronaldo conquistou com mérito lugar ao lado dos grandes nomes do clube. Se tiver que sair, que vá com Deus e sentimento de dever cumprido. Jamais será esquecido pela torcida alvinegra. Fez história.

O Mineirão em festa (Foto: Daniel Teobaldo - Soul Galo)
O enredo do jogo foi esse. Os atleticanos acordaram com enormes olheiras, assim como outros torcedores de outros times que prezaram pela emoção no futebol ou simplesmente secaram o rival, mais uma vez em vão. O que se viu foi uma festa linda, de uma torcida linda. O Atlético está longe de sua forma ideal, pecou pela falta de reforços, por insistência em jogadores que não sabem fazer o básico e até mesmo por erros técnicos simples. O Lanús por diversas vezes foi superior e oportunizou à comissão técnica uma revisão do que precisa ser mudado e aperfeiçoado. O elenco provavelmente está fechado, o que resta é apoiar da forma que se apresentar daqui em diante. O time é muito bom e tem capacidade de lutar por mais um título esse ano, sem se acomodar nos já ganhos.

É vida que segue, coração que acalma. Galo é Galo e se você não se acostuma com emoção e sofrimento está torcendo para o time errado. O mais simples dos jogos, a mais “fácil” das batalhas terá um obstáculo maior, seja ele qual for. Mas o coração alvinegro é forte e sempre está preparado para acreditar. Cada vez mais. Obrigado Galo por fazer de uma Recopa, um jogo de vida e honra. Roberto Drummond, se ainda nos agraciasse com poemas nos dias de hoje, certamente patentearia o famoso “Se não é sofrido, não é Galo”, porque no fundo todo sofrimento nada mais é do que amor.


Torcida Atleticana se concentra nos arredores do Estádio Mineirão antes da decisão (Foto: Superesportes)
“Meu pai me ensinou várias coisas e de uma não esqueço
Se o manto estiver no varal, eu torço contra o vento
Vou apoiar o meu time em qualquer terreiro
Com muita raça , eu vou cantar
E muitas lágrimas vou derramar”


Saudações Alvinegras.

@luisafduarte
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